domingo, 28 de novembro de 2010

ROLÂNDIA - JOHANNES SCHAUFF E KOCH- WESER - ALEMÃES

            Texto Lucius de Mello - foto by FARINA
Johannes e Erich Koch-Weser passaram a trabalhar para a Paraná Plantation. Tinham a missão de ajudar a vender as fazendas cobertas por matas virgens para os alemães interessados em viver no Brasil. Surgiu, então, a ideia da "Operação Triangular": as famílias judias compravam peças como trilhos, parafusos e vagões dos fabricantes alemães em nome dos ingleses e, em troca disso, recebiam títulos de terras em Rolândia. Os judeus depositavam o dinheiro na conta da Companhia Siderúrgica alemã Ferros Stahl, que repassava a quantia em trilhos e peças ferroviárias para a inglesa Paraná Plantation, uma das acionistas da Companhia de Terras Norte do Paraná.
De 1933 a 1938, foram vendidas 323 propriedades para imigrantes de origem alemã. Nesse mesmo período, não é possível saber o número exato de refugiados judeus que foram beneficiados pela "Operação Triangular", visto que as estatísticas se referem somente às nacionalidades. Mas estima-se que das 400 famílias germânicas que moravam na colônia, 80 eram de judeus classificados como: 10 puros, 15 considerados judeus por Hitler, 10 políticos e 45 judeus de religião católica (aqueles que haviam se convertido ao catolicismo).
O trem salvador chegava a Rolândia trazendo famílias assustadas com o mundo novo e selvagem. Afinal, os refugiados judeus tiveram de trocar a vida confortável e sofisticada que levavam nas cidades alemãs, como Berlim, Frankfurt e Düsseldorf, para viver no meio da mata fechada, sem luz elétrica, rede de água e esgoto, longe de hospitais, escolas e teatros. O grupo era formado por intelectuais, políticos, advogados, engenheiros, artistas,médicos, agrônomos, físicos, botânicos. Profissionais urbanos que, de uma hora para outra, tiveram de aprender a sobreviver no meio do nada, plantar e colher a própria comida, criar porcos, galinhas, vacas e cavalos. Mas, para suportar a saudade da vida urbana que deixaram para trás, trouxeram com eles caixas e mais caixas de livros, roupas luxuosas e obras de arte.
Vagner Volk repetia o que lhe aconteceu no primeiro dia em que pisou em Rolândia, em novembro de 1935. Contou que no trajeto até o hotel, ele e a família tiveram de passar bem na frente da Escola Alemã e viram o culto nazista realizado pela turma de Oswald Nixdorf. A suástica imponente, hasteada e sendo adorada por todos ali, os gritos de Heil Hitler! "Imaginem vocês, eu vendo e ouvindo tudo aquilo acontecendo aqui na selva brasileira, a milhares de quilômetros de distância da Alemanha. Meus amigos, esse pobre judeu aqui quase enfartou. O mundo todo está virando nazista, pensei. Eles estão por toda parte! Será que de nada adiantou fugir da Alemanha?", indagou Volk.
Em Rolândia, durante a Segunda Guerra, a polícia e os imigrantes contavam os prejuízos. Principalmente nos últimos momentos do conflito, as pessoas consideradas súditas do Eixo sofreram violência aqui no Brasil. Com raiva da Alemanha, os brasileiros invadiram lares, quebraram portas, janelas, saquearam casas e lojas que pertenciam aos alemães. Bateram e apedrejaram em quem ousava sair às ruas.
Com o fim da guerra, a paz voltou a reinar em Rolândia e os imigrantes puderam levar uma vida mais tranquila. Hoje, todos os refugiados judeus que chegaram adultos naquela época já estão mortos. Os que vieram para cá jovens e crianças, já são idosos, mas guardam o passado vivo na memória. A maioria deixou a cidade paranaense para viver principalmente em São Paulo, Rio de Janeiro, Santos, Curitiba, Estados Unidos e Europa. Mas há quem tenha criado raízes na terra vermelha e que não deseja deixar Rolândia. Refugiados que permaneceram nas fazendas, morando na mesma casa de madeira, grande e acolhedora. É o caso da senhora Inge Rosenthal, a única refugiada de Rolândia que foi salva pelo Kindertransport (missão de resgate que salvou a vida de milhares de crianças judias que foram levadas para a Inglaterra), quando ainda era menina.
Lucius de Mello é jornalista, pesquisador do LEER/USP (Laboratório de Estudos sobre Etnicidade, Racismo e Discriminação da Universidade de São Paulo) e autor do livro A travessia da terra vermelha - uma saga dos refugiados judeus no Brasil (Ed. Novo Século).

ROLÂNDIA - RAINHA DO CAFÉ

ROLÂNDIA - SEMPRE SERÁ A RAINHA DO CAFÉ

                                                               FOTO BY FARINA
Até a metade da década de 70 Rolândia foi considerada a Rainha do Café. O Município cultivava  café em 90%  do seu território. A população na época chegou a 65.000 habitantes. Quase todos os  proprietários agrícolas contratavam porcenteiros ou meeiros para a lida das plantações. A cidade, os distritos e os "patrimonios" eram movimentados. Aos sábados dezenas de  carroças e charretes estacionados em frente as portas comerciais. As festas e quermesses da cidade e distritos eram super animadas. Os bailes então nem se fala. Muitas moças bonitas....Tínhamos muita fartura...corria muito dinheiro no comércio. Depois da grande geada negra de julho de 1975 Rolândia partiu para outro rumo. Hoje temos menos habitantes, uma zona rural deserta de gente, mas temos uma industria diversificada e competitiva. Nosso comércio está bastante atraente com lindas lojas. Falta apenas um cuidado maior com o meio ambiente, com as nossoas árvores, bosques e rios e uma melhor limpeza e cuidados com ruas e praças.
JOSÉ CARLOS FARINA

quinta-feira, 14 de outubro de 2010